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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

RESENHA: PEDAGOGIA DA AUTONOMIA

Freire, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996, coleção leitura, 165 p.

Por: Valéria Maria de Oliveira da Silva / UECE – SEDUC.

“O que tenho dito sem cansar, e redito, é que não podemos deixar de lado, desprezado como algo imprestável, o que educandos (...) trazem consigo de compreensão do mundo, nas mais variadas dimensões de sua prática social de que fazem parte. Sua fala, sua forma de contar, de calcular, seus saberes em torno do chamado outro mundo, sua religiosidade, seus saberes em torno da saúde do corpo, da sexualidade, vida, da morte, da força dos santos, dos conjuros”.
(FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança. 11. Ed. São Paulo: Paz e Terra, 1992, p 85 – 6).



Palavras-chave: educação; ética; respeito.


A temática central do livro Pedagogia da Autonomia do educador Paulo Freire, considerado um dos grandes pedagogos da atualidade e respeitado mundialmente, é formação docente para propiciar a autonomia do ser dos educandos, aliada aos saberes fundamentais à pratica educacional.
Freire introduz Pedagogia da autonomia explicando suas razões para analisar a prática pedagógica do professor em relação à autonomia de ser e de saber do educando. Enfatiza a necessidade de respeito ao conhecimento que o aluno traz para a escola, visto ser ele um sujeito social e histórico, e da compreensão de que "formar é muito mais do que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas" (p.. 15). Define essa postura como ética e defende a ideia de que o educador deve buscar essa ética, a qual chama de "ética universal do ser humano"(p. 16), essencial para o trabalho docente.
O fornecimento de tais saberes é o interesse geral desta obra. Inicialmente o autor enfatiza que o ato de formar é muito mais que treinar o educando no desempenho de diretrizes, assim como ressalta a responsabilidade ética da tarefa do docente ,não a ética menor, mas a ética universal do ser, que condena a exploração da força do trabalho humano, a faseação da verdade, o golpe ao fraco e indefeso, a promessa que não pode ser cumprida, etc.,... A ética deve ser inseparável da prática educativa, porém, não podemos cair no moralismo hipócrita, pois a ética pode ser indispensável à convivência humana. É indispensável respeito ao conhecimento que o aluno traz para a escola, pois ele é um sujeito social e histórico.
Os saberes necessários dos quais falam Paulo Freire são indispensáveis aos educadores progressistas e aos conservadores.
A prática do ensino não é apenas de transferência de conhecimento, mas de criar possibilidades para a produção desse. A docência não existe sem a discência, pois “quem forma se forma e reforma ao formar, e quem é formado forma-se e forma ao ser formado”, e é exatamente ai que ensinar não é apenas transferir conhecimentos, pois o ato de ensinar não existe sem aprender e vice-versa.
Para o autor, a tarefa do educador é de reforçar a capacidade crítica do educando aguçando sua curiosidade. Nesse sentido, ensinar não se esgota ao tratamento do objeto ou do conteúdo, portanto, se alonga na produção  de condições de educadores criativos, humildes, curiosos. Assim, ambos se transformam em sujeitos reais da construção e reconstrução do saber ensinado.
O educador deve continuar buscando fontes de novos conhecimentos, não há ensino sem pesquisa. O bom professor é aquele que tem sempre dúvidas, por isso, a pesquisa se faz importante  para o surgimento do estímulo para a capacidade criadora do educando.
Uma boa maneira para ensinar os alunos a pensar criticamente é respeitando os saberes empíricos de sua experiência anterior, estabelecendo uma intimidade entre os saberes curriculares e a experiência social que eles têm como indivíduo social.
Paulo Freire diz que não há uma ruptura quando um educando passa da ingenuidade para a criticidade, o que há é uma superação, que se dá na medida em que a curiosidade ingênua se criticiza tornando-se epistemológica. A criatividade só há em conseqüência da curiosidade, pois essa, como procura de esclarecimentos é inerente ao fenômeno vital. É essa passagem da ingenuidade para a criticidade que deve ser feita com ética e estética.
O professor, um exemplo a ser seguido, deve pensar certo e fazer certo, pois  sendo eles visto como exemplo, serão seguidos pelos atos que praticam e não apenas pelos seus pensamentos, sendo assim, eles devem abandonar a frase “ faço o que eu mando e não o que eu faço”.
O educador deve aceitar os riscos, a novidade e rejeitar qualquer tipo de discriminação, pois este último nega a democracia tão desejada. Pensar certo exige humildade e bom senso, para que esse pensar seja ensinado a outras. O educador deve desafiar o educando a produzir sua própria compreensão.
O pensar certo  que superado do ingênuo deve ser produzido pelo próprio aprendiz em comunhão com o formador, ou seja, possibilitando a reflexão sobre prática a fim de melhorar a prática de amanhã.
O assumir-se como seres históricos, sociais, comunicantes, transformadores e criadores, capazes de ter sentimentos é uma das tarefas indispensáveis para a prática educativa crítica a fim de chega-se a uma identidade cultural. Um simples gesto que pode parecer insignificante pode valer como força formadora para o desenvolvimento acadêmico e intelectual na vida dos educandos, portanto, o professor deve está ciente de que suas atitudes podem influenciar profundamente a vida do aluno, positiva ou negativamente.
Para Paulo Freire, o conhecimento do professor deve ser vivido por ele para que se transforme em prática aplicável, não pode ser apenas teoria.  Pensar certo é difícil na medida em que temos que exercer sobre nós próprios para evitar simplesmente.
Não podemos tratar o ensino como algo definitivo, sendo que todo professor deve estar predisposto a mudanças, o ensino também é passível de mudanças. O ser humano é inacabado e deve ser consciente disso, por isso o ensino deve ser permanente. Se assumido como inacabado, o ser humano percebe-se condicionado de acordo com o meio, isto, porém não significa que ele seja determinado.

A ética exige que o professor respeite a autonomia do aluno, sendo que cada um possui suas particularidades e pensamentos. Se essa ética não for respeitada ela é transgredida, por isso, professor não deve minimizar ou ridicularizar o aluno, pois sendo percebidas as falhas deste, o professor deve ajudá-lo ao invés de reprimi-lo.

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